quarta-feira, 27 de março de 2013

Autoritarismo corporativo I

Do mesmo modo que decidiu lançá-lo em 2005, o Google resolveu, de modo intempestivo, retirar do ar o Google Reader, certamente orientado por uma análise econômica limitada e míope.


Isso gerou protestos no mundo todo, já que muitas pessoas, profissionais liberais e empresas contavam com o Reader para aglutinar, em um só report, notícias e dados de várias fontes.


Sem precisar pesquisar muito, vi várias análises sobre isso na Economist e no New York Times (blog do Paul Krugman).


A questão chega a ser grave: o Google veio, ao longo de vários anos, provendo e oferecendo gratuitamente infraestrutura pública de TI, inclusive para uso acadêmico. Mais recentemente, tornou-se uma empresa de capital aberto, sujeita à ditadura dos mercados, a do lucro trimestral elevado ou do presidente demitido.


Afirmo que a análise econômica estrita do resultado do Reader, que levou à sua desativação, é "burra" no sentido em que lança dúvida, no potencial usuário, sobre a adoção de qualquer nova "ferramenta mirabolante" ofertada pela empresa. Vai o prospectivo usuário correr o risco de estruturar a sua atividade diária encima de um recurso baseado na web que, sem mais nem menos, pode ser desativado?


Chamo a isso de "uma das muitas formas de autoritarismo corporativo" pois as grandes corporações de hoje em dia, principalmente as de TI, se acham acima do bem e do mal. 


Cabe aos seus usuários a tarefa de mostrar-lhes que não é bem assim!


york

sexta-feira, 8 de março de 2013

O alerta de Paul Krugman!

No New York Times de 07/03, Paul Krugman alerta: juros baixos e bolsa em alta não são sinônimos de recuperação. Acrescento eu: nem tampouco índices recentes de desemprego, favoráveis.


Na verdade, a coisa é bem mais complexa: i. com juros baixos, o dinheiro fica com menos opções e tende a migrar para a bolsa; ii. a austeridade fiscal do governo, induzida principalmente pelos republicanos, em vez de uma solução, é mais um problema (o que importa não é ser austero, mas sim aplicar bem o dinheiro); iii. os lucros das corporações tem sido elevados, mais pelos seus ganhos de produtividade que por sua escala de operações; iv. o consumidor, a exemplo da maioria dos outros agentes, públicos ou privados, continua tentando gastar menos do que arrecada.


Dessa forma, fica difícil enxergar recuperação consistente. Como já falei em postagem anterior, pode haver um período de otimismo, por alguns meses, mas isso tende a se revelar mais à frente como um "falso otimismo".


Também o Prof. Krugman desnuda os chamados "sacerdotes", os "experts" do mercado financeiro e das consultorias, que na verdade tentam impingir como "verdades", para a opinião pública, meras manifestações de suas preferências pessoais. Vale a pena ler.