É preciso (insistirmos em) falar o óbvio!!
Aos beneficiários da globalização (normalmente as grandes corporações), mas também aos seus "inventores", incentivadores e sistematizadores, cabe agora o ônus de resolver os graves problemas dela decorrentes: crises econômicas com alto poder de propagação, desequilíbrio ambiental, conflitos políticos e muito mais!!
A coisa ficou tão interconectada e complicada que nenhum país, por mais poderoso que seja, consegue resolver esses problemas sozinho, mesmo que se pense em uso da força militar! Por que? Porque os problemas transcendem as esferas nacionais, e tem múltiplos impactos, difíceis de prever.
Então é simples assim: na hora da ganância e do atendimento de interesses opacos, todos se lançaram com determinação para colher os frutos da globalização. Por decorrência, faltou visão de longo prazo e ponderação. Sobrou irracionalidade.
Agora enormes problemas de desorganização e desequilíbrio global se apresentam. Moralmente, cabe aos luminares "inventores" da globalização resolvê-los! Como eles não vão conseguir, que tal começar por abandonar o maquiavelismo e o interesse particular e começar a pensar cooperativamente?
Mas cuidado! Isso não é meramente bom-mocismo, nem é tão simples assim! É preciso liderança de valores e principalmente inteligência. Mas não qualquer inteligência: é necessário aprender a visão sistêmica das coisas (resolver problemas localizados é mais fácil, pensar no conjunto é muito mais complexo).
Sobre o assunto, Moisés Naím publica interessante artigo ("O G-20 é um triste sinal de um mundo não cooperativo") no Financial Times de hoje.
Por um lado pensar globalmente parece uma coisa muito óbvia, por outro o que falta para isso realmente acontecer?
ResponderExcluirQuem sabe uma grande catástrofe mundial ou alguma ameaça alienígena...
É verdade. Uma catástrofe mundial não é uma coisa necessária. Mas, pode se tornar inevitável se o homem não tiver a sabedoria de aprender a raciocinar (e agir) no interesse global.
ExcluirCelso, um mundo globalizado e interconectado é muito melhor do que um mundo formado por guetos e feudos, onde abusos e absurdos podem ocorrer muito mais impunemente. Dito isso, o fato de existirem problemas a serem encarados e resolvidos neste novo cenário não significa que estejamos em uma situação "pior". Não sei se entendi de forma equivocada, mas me pareceu simplista a forma como você "pintou" a globalização no início seu texto, dando a entender que nós, cidadãos comuns, não temos relevância em um mundo globalizado e somos apenas fantoches nas mãos de um grupo maquiavélico que pensam a globalização de forma sistemática e organizada. Encarar a globalização como uma "conspiração" é exatamente ingorar a interconexão extrema que existe entre todos os atores, pequenos e grandes. A globalização não criou estes problemas, mas apenas deu evidencia ao que, mais cedo ou mais tarde, teríamos que encarar. Vale lembrar que é da nossa natureza, como seres sociais, derrubar barreiras e encurtar distâncias. Por isso, acredito que a globalização sempre foi a tendência natural da raça humana. Abraços.
ExcluirCarlos, grato por comentar. Em nenhum momento, disse que um mundo interconectado é pior que um formado por guetos e feudos (seria preciso fazer uma análise específica para cada ator para afirmar alguma coisa). Disse que as grandes corporações são as maiores beneficiárias desse movimento, inclusive se tornando mais poderosas que os próprios governos (Galbraith foi talvez o primeiro a enxergar isso, já há algumas décadas). Por outro lado, também não pretendí me referir a uma "conspiração", nem esse clichê faz parte do meu vocabulário. Quis sim falar de uma ação organizada e bem articulada de alguns governos e das corporações (e isso não precisa ser uma "conspiração") no sentido de aumentar a escala das operações em nível mundial, via liberalização do comércio e do movimento de capitais, e com isso consolidar a dourina do livre-mercado (isso se iniciou ainda nos anos 60, mas se intensificou muito a partir da queda do muro de Berlim). Mas, como disse, sobrou irracionalidade, levando os desequilíbrios a um crescimento exponencial (E houve muitas coisas inesperadas e até indesejadas, como a grande ascensão da China). Agora, uma mudança importante de mentalidade é necessária: trata-se de abandonar o maquiavelismo e o interesse particular e começar a pensar cooperativamente!!
ResponderExcluirE finalizei dizendo: "Mas cuidado! Isso (pensar cooperativamente) não é meramente bom-mocismo, nem é tão simples assim! É preciso liderança de valores e principalmente inteligência. Mas não qualquer inteligência: é necessário aprender a visão sistêmica das coisas (resolver problemas localizados é mais fácil, pensar no conjunto é muito mais complexo)".
Foi isso o que eu pretendi dizer. Abraço, Celso.