sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Escassez de água: um problema cada vez mais citado por órgãos de inteligência!

A China, país com crescentes ambições de liderança hegemônica, defronta-se com um problema até mais grave que poluição ambiental, redução de áreas aráveis, destruição de florestas e outros.


Trata-se da escassez de água, problema já antigo, mas que agora se agrava exponencialmente, dado o estratosférico patamar atingido pela população — 1,34 bilhões de pessoas — e o rápido e desordenado crescimento econômico dos últimos 20 anos.

Apenas alguns dados:


- Com 19% da população mundial, a China possui apenas 6% da água doce do planeta;
- Os problemas de água são profundos e complexos, com várias causas: rápido esgotamento dos grandes reservatórios subterrâneos; erosão, desmatamento e assoreamento dos rios; deterioração da infraestrutura de irrigação; poluição dos rios e lençóis freáticos etc.;
- O rápido crescimento econômico pressionou a água, deixando a China com apenas 0,08 hectares de terra arável per capita,uma das médias homem-terra mais baixas do mundo.

Dessa forma, a China, apesar de sua grandeza e potencialidades, tem vulnerabilidades importantes e é externamente dependente (de países como o Brasil, por exemplo).


Na minha visão, não costuma "dar boa coisa" quando alta dependência de recursos externos se combina com nacionalismo e poder econômico crescentes! Vamos acompanhar.

Tudo isso e mais no excelente caderno Planeta (Estadão, 25/07/2012), em matéria escrita pelo brilhante pesquisador Norman Gall, por 6 semanas estudando o assunto na China.



2 comentários:

  1. Marcos da Cunha Ribeiro comentou em 21/01/2013

    Caro Celso ,
    Posso entender e até aceitar a posição do prof Gall em relação à China . Mas devemos ter cuidado porque na verdade , cientificamente é uma falácia. Enquanto houver Sol e Mar haverá água e doce no planeta terra. ocorre que a distribuição da mesma pode não ser a mais socializada e nem a qualidade em bruto poderá ser sustentável como a água mineral ,assim chamada porque de veios de água subterrêneas e não do simples lençol freático. Mas por outro lado podemos afirmar que o custo de ter água potável irá subir e irá inflacionar o mercado á médio e longo prazo até que a tecnologias já disponíveis de reaproveitamento, dessalinização, tratamentos de recuepração de a´guas pluviais e mesmo a recuperação das águas nos esgotos domésticos encontre um equilíbrio de custo benefício. Isso certamente não irá ocorrer de forma uniforme e compartilhada no ambiente global e daí pode haver desequilíbrios políticos até críticos e quem sabe até luta armada entre algumas nações. Pode levar 50 anos mas poderemos chegar lá , mas não por falta de água mas por falta de uma distribuição normal da mesma que é regulada pela geografia, geologia, clima e posição no planeta ( Saara e Amazonia por exemplo !)
    Abraços
    Marcos

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  2. Marcos, a matéria é complexa e vamos continuar discutindo, inclusive porque pretendo fundamentar melhor (em futuras postagens) porque entendo que conflitos e turbulências do tipo "water-driven" ocorrerão já em tempo menor (uma ou duas décadas). Concordo que o problema não é de escassez de água propriamente, mas sim de impossibilidade (política, financeira,diplomática etc.)de acesso a ela ou a tecnologias que a recuperem ou tornem viável o seu consumo pelas populações.As tecnologias já existem e vão melhorar muito. Mas o problema não é técnico, é de "custo do direito de acesso". É todo um longo processo de decadência do sistema mundial, baseado no livre mercado e na finança destravada (que não compartilha, mas concentra), instituído principalmente a partir do final dos anos 80. Também contribui muito para todo esse imbroglio o incrível aumento da população do planeta, mesmo com taxas reduzidas de crescimento demográfico, devido à enorme "massa crítica" que ela atingiu (~7 bilhões!).

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